21 de agosto de 2011

Agora sim! Muito feliz!

Andei sumidinha devido à realização do meu sonho, que falei anteriormente.

Estou voltando, bem de leve, e vim contar como foi mais essa experiência na minha vida:

Queria fazer essa cirurgia de redução de seios desde os 15 anos. Não foi possível porque, aos 15, não tinha quem compreendesse meu desejo/necessidade, não tinha quem apoiasse e patrocinasse. Já adulta e casada, não tinha grana nem tempo, nem estava fixada numa cidade que oferecesse os recursos necessários. E tudo isso só fazia adiar meu maior sonho. Eis que agora tudo isso aconteceu...acho que o universo conspirou a meu favor...

Só fui para o hospital em 3 momentos da minha vida, que foram os nascimentos dos meus filhos. Momentos especiais, momentos de medo e também de extrema felicidade, momentos em que me encontrei com Deus da forma mais sutil e sincera, momentos estes em que tive provas concretas de que não somos ninguém e que não sabemos de nada. Essas três experiências me mostraram o quão grande é esse Deus, e através dessa grandeza, pude aprender tantas e tantas coisas que ainda me eram desconhecidas.

Ao nascer a minha terceira cria (mesmo momento que foi realizada a laqueadura das minhas trompas) e com a certeza de que não teria mais filhos, e portanto não precisaria mais encarar hospitais e centros cirúrgicos, sozinha no quarto do hospital, triste, com dores, orei à Deus, e falei à ele que estava desistindo de fazer a cirurgia nos seios, porque não queria mais sentir dor. Falei que estava ali porque não tinha outro jeito para tirar o bebê de dentro de mim. Falei que meus seios não eram como eu gostaria, mas pelo menos eram saudáveis, estavam inteiros. Aliás, eu estava toda inteira. Medo de encarar o bisturi por pura vaidade e a coisa se tornar pior...a gente vê tanta coisa, tanto erro médico. Naquele momento desisti disso. E entreguei às mãos de Deus.

O tempo passou, 5 anos. Fui morar em Goiás e a vontade de ter seios pequenos e alertas voltou. Porque lá é calor, e a mulherada abusa dos decotes, das alcinhas, das costas de fora. Tudo bonito, sensual. Queria poder também. Fora que só quem é mulher sabe como é chato usar sutiã no verão. Ódio mortal!

Quando tinha saído do trabalho, portanto com tempo, comecei a me inteirar dos cirurgiões plásticos da cidade, e tal...e logo veio a decisão de mudar de Estado de novo. Sonho adiado de novo. Mas nessa época, era só vontade de operar. Se não deu, beleza.

Aí venho para Curitiba. A vontade começa a virar necessidade, desejo incontrolável. Começo a pensar que não posso passar a vida toda infeliz com meu corpo. Pior: começo a perceber que se não fizer isso, não conseguirei viver direito. Começo a pensar que o que sinto não é vaidade, é necessidade grande de ser completamente feliz. Começo a olhar no espelho e pensar: “eles estão cada vez piores, deve ser a idade”. Começo a me imaginar do jeito que gostaria que fossem. Mas trabalho fora, não tenho tempo para nada. Saio do trabalho e penso: “vou juntar dinheiro para realizar meu sonho no final do ano”. Tenho um marido que apóia. Penso de novo: “vou fazer agora no meio do ano. Não agüento mais esperar!”. O marido dá apoio de novo. E o que mais eu preciso? Tempo e apoio já tenho. Falta a grana, mas isso dá-se um jeito. E assim foi.


Antes da cirurgia, na clínica.

Consulta com o médico indicado pela sobrinha. Gostei. Fiz montes de exames para ver se estava tudo ok. Estava. Dia marcado, eu e o marido na clínica. Filhos em casa, felizes por me verem feliz. Fotos do antes. Estava calma. Nem parecia aquela que odeia hospital. Papo com o cirurgião, falei meus desejos e creio que esse foi o ponto chave de tudo. Centro cirúrgico, o coração começa a bater mais forte, a voz começa a tremer. O papo com o anestesista me faz lembrar aqueles momentos difíceis dos partos cesáreos, mas que a gente esquece completamente depois que vê o rostinho daquele ser que acabamos de trazer ao mundo. Ele segura a minha mão e diz: “Fica calma, querida, você não vai sentir nada”. Ainda tenho tempo de pedir a Deus que abençoe aquele momento, que é o desejo do meu coração. O maior deles. Peço que esteja presente e guie os atos do cirurgião e da equipe médica toda ali presente. Durmo. Acordo 2:15hs depois, ainda no centro cirúrgico, toda animada e pergunto: “E aí?”. O médico me fala: “Você está linda, parece uma adolescente. E ficou bem magrinha...olha aí!”. Abaixo a cabeça levemente e vejo meus meninos lindos, muito mais alertas do que um dia pude supor que ficariam, estão realmente lindos! Ainda meio “grogue”, durmo de novo e acordo horas depois, querendo ir para o quarto, ver meu marido, vir prá minha casa, ver meu filhotes. E também para eles verem que estou bem.


Depois da cirurgia, ainda na clínica.

Isso foi dia 14 de julho de 2011. Já se passou 1 mês e 1 semana. Nada fáceis, diga-se de passagem. O melhor de tudo é que não senti nenhuma dor, nada. Isso é maravilhoso, e quase inacreditável. Só acredito porque sou eu, pois se alguém me dissesse que não havia sentido dor alguma depois de abrir e fechar o peitoral quase todo, nunca ia crer. Ainda estou em recuperação: não faço quase nada de trabalho doméstico, dirijo para levar os filhos à escola com muita parcimônia, tomo banho sozinha, mas com limitações, não posso lavar meu cabelo, nem pentear, nem prender, nem nada que tenha que erguer os braços. Para todas essas coisas, dependo de meus filhos, que são quem me ajudam. Retorno ao médico toda semana, para acompanhar a evolução. Mesmo com todo o cuidado que estou tendo, um pedaço de costura se abriu num dos seios, ainda está com curativo e requer atenção... Depender de outras pessoas tem sido a pior parte para mim, já que sou independente desde sempre, costumo fazer tudo sozinha, na hora que dá na telha. A casa anda bagunçada e a roupa para lavar acumulada, mas tenho que esperar o tempo da filha para ver as tarefas do dia-a-dia realizadas. Isso quase me mata. Mas é assim, um exercício de paciência muito grande. Nessas horas, mais uma vez, vejo o quanto nosso corpo é perfeito, e o quanto Deus foi sábio ao criar todas as coisas. Só damos valor a isso quando ficamos imobilizados de alguma forma...

Ando experimentando umas roupas minhas que antes ficavam boas e agora estão perfeitas com a nova comissão de frente. Ponho e tiro tudo com muita dificuldade ainda, com muito cuidado, mas a ansiedade e curiosidade pelo resultado são maiores do que tudo. Muita hora nessa calma...”logo estarás plena, Samy!”, digo para mim mesma.


Três semanas depois da cirurgia...é o máximo que posso mostrar aqui...rs

Contudo, estou imensamente feliz. Estou satisfeita, agradecida, modificada por dentro e por fora, enfim, estou feliz, feliz, feliz, não tem outra palavra. Aguardando o momento de ter “alta” realmente, de poder voltar a levar a minha vida normal, de poder usar as roupas que sempre quis e nunca pude, de poder ser eu de verdade, sem encanações e sem medo. Sempre me achei bonita, mas agora me sinto linda, leve, inteira. Me sinto um pouco gordinha/inchada, de tanto dormir, descansar, repousar, ficar deitada, e fora isso apenas comer...é só o que posso fazer. Mas assim que estiver 100%, dou jeito nisso, pois para tudo tem um jeito. O que mais me importa é que meu sonho foi realizado, deu tudo certo, agora sou outra pessoa. Posso viver tudo o que quero e mereço, posso sonhar outros sonhos, posso sentir o mundo de outra forma, mais linda, mais livre, mais feliz!

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