28 de maio de 2009

O trabalho dignifica o homem...


Falando um pouquinho de trabalho:

Eu trabalho na construção daquela que será a maior usina de açúcar e álcool do mundo. Como dizem os goianos: "Tem base?"
Sou assistente orçamentista (adoro o nome da minha função: chiquééérrimo!) da empresa que está fazendo toda a parte de construção civil da usina. Isso significa que todas as empresas de montagem de equipamentos (que devem ser umas vinte) dependem do nosso trabalho para fazerem a parte delas, o que gera uma pressão incrível sobre nós.
Entre outras coisas, sou a responsável por fazer o relatório diário de obra (RDO) de toda essa estrutura. Relato todas as atividades do dia, quantos funcionários e as funções de cada um (média de 800 pessoas por dia, só na nossa empresa), quantidade de máquinas e equipamentos existentes dentro da obra, quais estão em operação, quais estão em manutenção, e mais um monte de informações importantíssimas, que visam nos resguardar de algum tipo de ônus, ou de responsabilidade que venha a ser colocada sobre nossa empresa, coisas assim.

Confesso que, antes de passar a fazer isso, não dava muita importância ao tal RDO: achava que era apenas um papel, uma burocracia, sabe?
Depois que me passaram esse papel, passei a enxergar o verdadeiro valor deste que é um dos mais importantes documentos de um empreedimento desse tipo, se não for o mais importante. Passei a aprender mais, a valorizar mais.
Fazer isso é de suma importância para o meu trabalho, para meu crescimento e aprendizado, e, principalmente, para a empresa. Eu não tinha a menor noção disso.

Pressão. Esse é o ponto.
Por ser meu primeiro trabalho fora de casa, não estou muito habituada a sofrer pressão. Sofria pressão, antes, quando o almoço atrasava, a camisa do marido não estava passada, essas coisas. Mas isso era fácil de resolver: um beijinho aqui, um carinho ali, e o estresse logo acabava. Mas, e lá na empresa? Não posso resolver as coisas com beijinho, então requer um jogo de cintura enorme, uma concentração fora do comum. Às vezes dá muita vontade de mandar todo mundo para a P.Q.P., mas não é assim que as coisas são resolvidas. Difícil encontrar o meio-termo entre o carinho e o desespero total...acho que eu ando meio desequilibrada...rs

Hoje explodi bonito lá.
Depois de ficar quase três horas caminhando sem parar, colhendo na obra as informações para o RDO, no sol, comendo poeira, tendo que me humilhar por 5 minutinhos de atenção de engenheiros, mestres e encarregados de obra, para que me passassem as informações necessárias (muitas vezes sem sucesso), voltei para a minha sala enfezada!
É muito complicado depender de terceiros para desempenhar sua função, e se tem um trabalho que depende dos outros é o meu. Só dependeria de mim digitar as informações, porém as informações não chegam, então quando eu saio atrás delas, tem gente que se esconde de mim, que não pode me atender naquele momento, que está em horário de almoço, que não sabe passar a informação, que não está com o projeto naquela hora, enfim, tem desculpas de todo o jeito, e eu vou ficando na mão. Todos lá acham que estão me fazendo favor ao me informar as atividades realizadas, e isso é uma burrice tremenda!

Pensei, pensei, contei até mil. Nesse instante chega meu superior direto. E eu não agüentei: falei a ele que gostaria de conversar com ele e o gerente da obra. Ele perguntou o assunto e comecei a falar de todas as minhas dificuldades, da falta de informações, dos RDO's atrasados (que tiram meu sono e acabam com a minha saúde), do desrespeito de todas as pessoas para com o meu trabalho. Vale dizer que depois de falar meia palavra eu já estava chorando desesperadamente, o que geralmente assusta a todos e fez meu chefinho pensar que eu não estava em condições de discutir nada naquele momento. Mas eu insisti, pois tenho que resolver as coisas na hora: vir prá casa fula da vida, dormir com tudo aquilo entalado na garganta iria me fazer um mal ainda maior.

Não teve outro jeito e ele teve que solicitar a presença do nosso gerente na sala para que eu pudesse falar.
O gerente em questão é um cara durão, que não anda fazendo questão nenhuma de segurar ninguém na empresa, pois a obra está na reta final, e o que mais querem é cortar custos. E, por mais que eu tenha um bom relacionamento com ele, temi em falar tudo o que eu estava pensando e sentindo, e ele virar para mim e dizer: "Não posso fazer nada por você nesse momento da obra", ou "Resolve aí, corre atrás!!!", ou, pior: "Se não está aguentando a pressão, pede para sair"!
Já ouvi-o dizendo essas frases e muitas outras, ora para mim, ora para outros. Mesmo assim, falei tudo, e mais uma vez, chorei desesperadamente. Não tive medo de parecer ridícula, nem descontrolada, nem imatura na vida profissional. Eu sou assim, fazer o quê? Sou à flor da pele, sou sensível, sou eu mesma 100% do tempo. Se der vontade de chorar, vou chorar. Se der vontade de rir, vou rir...e por aí vai.

O retorno foi o melhor possível: ele entendeu a minha dificuldade, sabe da minha responsabilidade em relação ao trabalho, deu sua palavra de que as coisas irão mudar, já a partir de segunda-feira.
Fiquei aliviada e esperançosa. Voltei para casa uns 40 quilos mais leve, com certeza.
É muito bom poder pôr para fora o que não te faz bem, poder expor suas necessidades. Melhor ainda quando suas necessidades são supridas. Muito bom!

Amanhã é outro dia, e tenho convicção que será bem melhor...o dia de hoje, apesar de difícil, foi compensador!

PS: a fotinho é da época que eu tinha tempo e disposição para fazer graça no canteiro de obras...

18 de maio de 2009


Ah...eu tenho tantos bons motivos para escrever ultimamente...
Mas vamos por partes:

Eu estive ruim da garganta mês passado. Ruim, ruim, ruim...Na realidade foram duas mega infecções de garganta no intervalo de um mês. Ninguém merece!
Lembrei-me de um colega de trabalho que ficou mal de saúde, e acabou se indo embora, não só por isso, mas também por isso.
E eu, para falar a verdade, também pensei em fazer a mesma coisa: abandonar meu trabalho (escravo), meu dinheirinho (pouco), minhas metas (crescer) neste momento.
Pensei no que fazer com dinheiro, sem saúde? Prá quê trabalhar e ficar morta? Prá quê meta, se talvez não tenha pique para alcançá-la?
Milhões de perguntas, dúvidas, etc...

Mas, vamos lá, coragem mulher!
Deixei meus bebês em casa e lá fui eu, solitária, pelas ruas escuras dessa cidade (que tem um lindo céu estrelado), a caminho do hospital, a fim de achar algo que me tirasse aquela dor enlouquecedora e aquela pressão fortíssima que estava sobre a minha cabeça. Um litro de soro com glicose, e muitas drogas potentes pingando direto na veia. Duas horas depois estava saindo de lá, tonta, é verdade, porém bem melhor.
Esse seria o final feliz dessa historinha triste...
Mas nesse tempo de silêncio e solidão, fiquei pensando na vida, sentindo muito a falta de minha mãe, do meu marido, família toda...É horrível ter de enfrentar um quarto de hospital sozinha e eu espero nunca mais passar por isso, embora saiba que é quase impossível isso não se repetir, devido à situação que me encontro nesse momento.
Saí de lá querendo muito ver minha gente. E consegui.
Viajei ainda ruim, quase sem falar, sem poder virar o pescoço para o lado esquerdo (como se fosse um torcicolo), sem ânimo para quase nada, mas feliz: fui ver meu povo!

Cheguei lá sem avisar. E se a intenção era surpreender, deu certo.

Ai que gostoso, ver minha irmã, sobrinha, sobrinhos-netos (sim, já sou tia-avó...rs), e mais um monte de gente que não tem laços de sangue comigo, mas é como se tivesse.
Não consegui ver meus outros irmãos, porém meus pais, assim que souberam que eu estava lá, foram matar as saudades também.
Mesmo com dias e dias de antibiótico e anti-inflamatório goela abaixo, eu só melhorei da garganta depois que os vi. Ah, e depois do gargarejo de chá de casca de romã. Milagroso!

Isso é muito doido! Estar lá foi como uma injeção de ânimo, e eu necessitava disso.
O tempo foi curto, tínhamos tantas coisas a dizer e não dissemos nem metade, mas pudemos nos ver e sentir o amor que rege nossa vida, o carinho que temos todos uns pelos outros. Foi bom demais, mesmo!!!

Nem preciso dizer que voltei bem melhor, e fui me reestabelecendo dia após dia até ficar boa de vez. Muito bom!

Lá ainda, fui a uma baladinha básica, bem "oitentinha", sabe? Foi bom demais também. Não aproveitei da maneira que gostaria, pois mal conseguia cantar (ah, essa garganta me paga!), e além disso usava um sapato emprestado, um número maior que meu pé, que me deixou limitada...hauhauauauuaaa...o que a pessoa não faz para ir para a gandaia?!?
Tocou muita música boa, nacional, e no intervalo, rolou num "tape" o New Order que comentei outro dia aqui, e eu lá, do lado da minha irmã. Foi realmente mágico!

O passeio rendeu mesmo. Já morei naquela cidade, então não me sinto turista, me sinto parte dela. E, sendo assim, aproveitei para fazer coisas que gostava de fazer quando morava lá, tipo ir até o Sesc no domingo à tarde e curtir música ao vivo, da melhor qualidade, ver exposição, banho de cultura, sabe? Pois é...tive medo de não querer mais voltar...

Tive que voltar, então, com a cabeça fresca e a garganta recuperada, fui para o trabalho feliz da vida, achando tudo lindo e maravilhoso, agradecendo à Deus pela perfeição de todas as coisas.

Obrigada!

PS: a fotinho é de uns poucos anos atrás. Minha família quase toda. Saudades dessa tigrada, de novo!